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20 de junho de 2012

Dona Odete e seu Aurino

Caso número um: Um casal de agricultores idosos foi vítima de criminosos em Jundiapeba, distrito de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. Os tranqueiras invadiram o sítio armados, pegaram a vovozinha na horta e levaram pra casa dela. Foi quando o marido chegou e viu a mulher refém, na mira dos criminosos.

O idoso não titubeou, passou a mão na cartucheira e pau. Bala nos mala. Os ilustres assaltantes reagiram e até atiraram também, mas logo deram pinote, arrastando o amigo baleado, mas acabaram abandonando ele no mato, pra morrer sozinho, menos de um quilômetro do sítio.

Apesar de terem se dado bem no tiroteio contra os ladrões, os idosos estão aterrorizados, porque a segurança pública paulista já faliu faz tempo e para ser vítima da violência no estado, basta estar vivo.

O TRINTA E DOIS DE TRINTA E OITO

Caso número dois: Dona Odete, da famosa cidade de Caxias do Sul, foi parar na tevê depois de sentar o dedo no malaco que invadiu o apê dela. Matou o sujeito com um balaço! Como ela já passou dos oitenta, o caso virou manchete bem depressa: "idosa mata ladrão".

Foi com um velho revólver calibre 32 que estava guardado há mais de 38 anos que a vovó Odete lá do Rio Grande do Sul despachou o mala... dessa pra uma sei lá. Depois ficou famosa e deu entrevista até pra Globo.

Para a gloriosa polícia gaúcha e nossa infalível justiça, a velhinha é criminosa, vai ser indiciada em inquérito e responder a processo por homicídio. Bissurdu!!! Pelo menos a promotora que cuida do caso já se manifestou e disse que vai pedir o arquivamento.

MULETADA NA TELHA DO MALACO

Caso número três: Seu Aurino também ganhou destaque na mídia depois que reagiu a uma tentativa de roubo na porta de uma academia onde a filha trabalha, em Fortaleza, no Ceará, descendo o cacete no ladrão que chegou numa moto. Seu Aurino meteu a muleta na cabeça do motoqueiro, que fugiu desesperado. O ladrão apanhou bonito!

Aurino já tem mais de setenta anos, vive de salário mínimo e usa uma muleta porque se acidentou trabalhando, ao contrário do vagabundo que tentou assaltar a galera na porta da academia, mas quem se importa? Quem vai endurecer a lei? Um deputado que ganha a maior grana pra ficar batendo boca em CPI ou voando de jatinho pra lá e pra cá?

DIREITOS HUMANOS PARA HUMANOS DIREITOS

Em um país onde as leis são caducas, propositalmente cheias de brechas, mal aplicadas por um sistema judiciário ineficaz - desde a prevenção até a condenação - e que beneficiam mais os infratores que a sociedade,  o cidadão comum vive exposto à violência, sem a mínima esperança de ser protegido pelo Estado. Já que o Estado não faz porcaria nenhuma pra defender o cidadão, as pessoas são obrigadas a se virarem nos trinta pra sobreviverem.

O código penal do Brasil, dizem, é um dos mais avançados do planeta Terra, se não for também de Marte e até da Lua, lugares onde devem viver alguns de nossos legisladores. Só que o tal do processo penal, com seus ritos com os quais me irrito, é uma bela de uma porcaria que só serve pra arrastar processos anos a fio e facilitar a impunidade e a reincidência criminal.

Os criminosos que na teoria poderiam ficar no xilindró por quatro, cinco, seis anos ou mais, acabam muitas vezes nem indo em cana e ficam infernizando a vida do povo, enquanto os governos torram montanhas de dinheiro comprando viaturas, armas, escudos e cassetetes (você sabe pra quê) e o judiciário contrata empresas terceirizadas para armazenar suas toneladas de processos.

E o papel da sociedade? Qual é, mermão? Além de aprender a votar, o povo precisa ter coragem, enfrentar o medo, ou nossa sociedade está condenada a ser dominada também pelos ladrões sem colarinho, porque os de colarinho já dominaram faz tempo. as imagens foram capturadas de reportagem da TV Record.

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