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23 de junho de 2012

A câmera dos vereadores



camera - imagem do site obviousmag

Os senhores vereadores de uma cidadela do interior de São Paulo devem ter uma máquina fotográfica de uso comum na casa de leis. Eis que um nobre ex-vereador me apresenta seu currículo, caprichadinho até, onde fez questão de destacar suas atividades na “Câmera Municipal”. E ele tem diploma de curso superior! Pe-la-mor-de-Deus. Que susto. 

É surpreendente como pessoas até bem posicionadas socialmente e profissionalmente cometem erros ortográficos imperdoáveis. Ainda esta semana vi no Facebook o perfil de uma senhora que tem "segundo gral". Deve ser por conta da qualidade de ensino no Brasil. 

O cidadão foi vereador durante quatro intermináveis anos, tempo suficiente pra ele apreender no mínimo a escrever o nome do lugar onde trabalhou, ou onde acreditamos nós que ele tenha trabalhado. Parem o mundo que eu quero descer.

ENTÃO, TIO, COMO É QUE SE ESCREVE?

A palavra que pode ser usada para indicar um aposento, um órgão político, uma seção de tribunal, certos tipos de comissão (no sentido de bando de gente e não no sentido de gorjeta) e a uma porção de tipos de compartimentos, cavidades, etc, é “câmara”. Portanto, o nobre ex-vereador ocupava uma cadeira na Câmara dos Vereadores lá da cidade tal. 

Pra não errar, pense que a palavra câmara se refere a algo fechado, um recinto ou um compartimento. Exemplos: câmara mortuária, câmara do olho, câmara dos deputados, câmara de comércio, câmara de vácuo, câmara sindical...

Meia dúzia de vezes já ouvi alguém dizer que seu carro usa pneu sem câmera. Hello! Claro que sim. Não existe pneu com câmera. Com câmara de ar tem um monte.

Já a tal da “câmera” é uma palavra que vem lá dos gringos e aqui pra nós designa especificamente máquina fotográfica ou filmadora. A palavra original inglesa é grafada “camera”, sem acento (abreviatura: cam) e ao ser aportuguesada passou a ser escrita com o tal do acento circunflexo, sendo aceitas ambas as formas. 

MANIA DE VIVER DE PASSADO

A aposentadoria é uma fase mágica das nossas vidas! É aquela época em que somos jogados nos nossos aposentos. Nela, ao menos em nome, todos se equivalem: se o cara era goleiro, hoje é aposentado; se era lixeiro, é aposentado; se era juiz, é aposentado; se era vereador... ou é aposentado também ou é desempregado. 
Dizem que existe ex-homem, o cara que manda o doutor arrancar o tareco dele e fazer no lugar uma "câmara".
Como essa gente gosta de ser chamado de ex-alguma-coisa, não? Eu sou ex-frentista de posto de gasolina, tá bom? Ah, a vaidade! Ela é imensa. O ego não deixa certas pessoas admitirem que tudo passou, se extinguiu, já era, foi-se (não foice).

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