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11 de abril de 2012

Meu útero não é caixão

Antes de divagar pelo cinismo de praxe, devo esclarecer que o título desta postagem foi descaradamente plagiado do site www.feminismo.org.br, origem também da imagem abaixo.


O cérebro, dispositivo aparentemente ausente em algumas pessoas neste país, é um equipamento essencial para o bom funcionamento da máquina chamada pessoa, mas apesar disso existe uma grande discussão envolvendo a legalidade ou não de fazer-se aborto quando exames revelam que o feto em gestação, por problemas de má formação genética, está se desenvolvendo sem cérebro. O debate envolve mais convicções que racionalidade.

ANENCEFALIA TORNA INVIÁVEL A VIDA

Fugindo um pouco do cinismo habitual: a anencefalia é um defeito congênito que pode aparecer por volta da quarta semana de desenvolvimento do feto e torna inviável a vida da pessoa, sendo que em metade dos casos, a morte é certa ainda em fase gestacional e mesmo quando há nascimento, a sobrevivência de 99% dos bebês é de pouquíssimas horas e só em casos muitíssimo excepcionais pode chegar a até alguns meses.

Para quem não teve ou não tem uma gestação de feto anencéfalo, fica bem fácil se posicionar contrário ao aborto, fazer campanhas, falar de religião, espernear e ficar de proselitismo barato, como se tem visto nas últimas semanas país afora. Difícil é carregar no ventre um feto que você sabe que não viverá.

De acordo com o especialista em bioética José Roberto Goldim, “Enquanto para algumas mães é um sofrimento levar adiante uma gestação que vai resultar em morte, para outras é importante permitir o curso natural até a morte". 

No Brasil, aborto é considerado crime, sendo tolerado apenas em caso de estupro ou de comprovado risco de morte da gestante (artigo 128 do Código Penal), o que tem provocado longas discussões quanto ao direito da mãe em fazer o aborto em casos de anencefalia, chegando ao Supremo Tribunal Federal, que deve decidir hoje se deve ou não ser considerado crime esse ato. 

De tudo isso, concluímos que o que falta a alguns políticos e a muitos eleitores na hora do voto não é cérebro e sim caráter no primeiro caso, e sensatez no segundo. A subjetividade da decisão pode provocar mais conflitos emocionais que legais e cabe aos nobres Ministros do STF decidirem (com seus incríveis cérebros) pela razão e não por convicções pessoais ou  pela hipocrisia. Aguardamos.
atualizando...

ABORTO DE ANENCÉFALO NÃO É CRIME
G1: "Após dois dias de debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (12) que grávidas de fetos sem cérebro poderão optar por interromper a gestação com assistência médica. Por 8 votos a 2, os ministros definiram que o aborto em caso de anencefalia não é crime."

A HIPOCRISIA NÃO CONSEGUE SE CALAR
Gente que nunca teve filho e que nunca vai ter, que nunca casou e nem vai casar (o que é uma pena, porque vive dando pitaco em educação e relacionamento) e que não faz a menor idéia do que seja uma gravidez, insiste em ficar de trololó...

É de uma contraditoriedede (pra não dizer outro palavrão maior que esse) desmedida alguém defender que se leve adiante uma gestação de um feto morto e encerrar seu discurso dizendo: "Escolhe pois a vida?" Que tal começar cada um cuidando da própria?

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