Uganda mata a sua infância

Enquanto muito provavelmente você assistia a porcaria total, passava na TV aberta brasileira uma reportagem chocante sobre o fanatismo religioso de um país onde vinte por cento das pessoas acreditam em feitiçaria e onde o sacrifício de animais e até de crianças em rituais de magia negra é encarado como fonte de prosperidade.

Em um país explorado até cinco décadas atrás pelos ingleses e que de lá para cá tem sido palco de cruéis assassinatos e tantas outras atrocidades na disputa pelo poder, a vida de uma criança pode custar no máximo cinquenta mil reais e muitas vezes a própria família entrega seus filhos para serem sacrificados em nome de uma fé cega.

ASSUNTO JÁ FOI TEMA DESTE BLOG

A Grande Reportagem do programa Domingo Espetacular da Record desta semana mostrou cenas chocantes de um tema muito parecido com o que foi assunto deste blog em sua postagem inaugural, em 4 de fevereiro de 2011: o sacrifício de crianças em rituais religiosos no Congo (reveja aqui).

Uma equipe da TV Record viajou até Uganda, na África, onde compartilhou em lágrimas a dor e o sofrimento de crianças que sobreviveram a ataques de adultos que, em busca de riqueza e poder, sacrificam a vida dos pequeninos.

Uma tradição local garante que enterrar a cabeça de uma criança no terreno onde se vai construir um edifício comercial é garantia do negócio prosperar e há notícia até de criança enterrada viva na fundação de um prédio, sem que houvesse punição dos responsáveis. Acredita-se que cada arranha-céu que se ergue em Kampala, a capital do país, tenha enterrada embaixo de si a cabeça de uma criança.

lado rico da capital Kampala (Foto: Wikipedia)

lado miserável da cidade

PÊNIS ARRANCADO AOS TRÊS ANOS

Um garotinho de apenas cinco anos que aparece na reportagem teve seu pênis decepado há dois anos por algum maldito fanático e tem na pele cicatrizes das várias cirurgias feitas para tentar reconstruir o órgão com tecido doado de outras partes do corpo.

O país já tem seus ricos, mas a grande maioria vive em absoluta miséria. Imagens da periferia da cidade parecem até certos lugares esquecidos pelo poder público em nossa São Paulo, mas é só uma coincidência.

Quando você vê alguém aqui no Brasil enaltecendo a África, não se engane, infelizmente o continente africano ainda abriga muita miséria e carece de nossa atenção. Pense sobre isso. Talvez você possa fazer algo. A África continua abandonada e ignorada pelos donos do dinheiro e poder e lamentavelmente até por muitos dos filhos seus. 

MALDITOS SUPERSTICIOSOS

O pai de um dos meninos mortos pelos fanáticos criou uma fundação para denunciar e tentar evitar a prática de assassinatos e mutilações de pequeninos em seu país. 

A ONG que recebeu o nome de Gideon Foundation, em homenagem ao seu filho, já registrou quase uma centena de casos de crianças usadas em rituais religiosos apenas nos últimos seis anos. Em um cartaz diante de sua sede lê-se: "stop child sacrifice now".

Os casos menos assustadores envolvem sacrifícios de galinhas e cabras, com banhos de sangue (foto) com a promessa de cura de doenças e obtenção de riqueza e poder.

Denúncias dão conta que feiticeiros metidos até o pescoço com a política recebem proteção do governo para continuarem com seus rituais, em troca de votos e a polícia é suspeita de acobertar casos de violência contra os indefesos.

KONY E O EXÉRCITO DO SENHOR

Num passado bem recente o mundo conheceu Joseph Kony (obrigado Renatinha), um maluco que alicia pequenos jovens para serem guerrilheiros. A organização que divulgou sua imagem foi colocada sob suspeita e a União das Nações Africanas resolveu mobilizar-se para caçá-lo. Ou seria apenas para fazer média diante da mídia?

Kony 2012 também já foi tema deste blog. Trata-se de um vídeo em que esse sujeito é apontado como um dos maiores criminosos do planeta, líder do Exército de Resistência do Senhor, uma mistura de seita com revolução armada e adivinhe onde: também em Uganda. 

Pobreza e abandono. Crianças sequestradas e achadas sem suas arcadas dentárias e órgãos internos, sem membros, decapitadas... A reportagem sobre o sacrifício de crianças em Uganda foi dividida em duas partes de cerca de 15 minutos cada.