E quem não adora? Por distração ou falta de cuidado ao manipular arquivos
em seu computador, uma funcionária do TRT (Tribunal Regional do
Trabalho) da 13ª Região deixou escapulir uma carta de desabafo que fez
para um homem com quem mantinha um romance e o texto foi publicado no
Diário Oficial do dia 16 (página 18), escancarando ao mundo o fim de
seu seu romance.
Elias garante que a Mãe de Jesus
Cristo aparece para ele, com exclusividade e com dia e hora pré-agendados. O
cara é tão importante que a Virgem Maria só aparece pra ele... Gente chique é outra coisa!
imagem da net
Nossa Senhora elitista? Não, não dá pra levar isso a sério! Claro que esse é só mais um dos incontáveis casos de
supostas aparições que vira e mexe alguém sai por aí alardeando e a gente, é
claro, acredita nisso tudo. Não é mesmo?
Elias se auto-denomina frei e as
supostas consultas com hora marcada aparições foram matéria do programa
Fantástico de ontem. As câmeras não capturaram as
imagens de Virgem Maria, mas frei Elias garante que ela estava lá: “Segurava um
rosário e estava com sua mão encostada sobre o coração e o véu voava”.
Carmo da Cachoeira é uma cidadezinha
muito bonita em Minas Gerais onde tudo isso acontece e coincidência ou não, é
perto de Varginha, a cidade onde já disseram ter visto extraterrestres. Você
lembra?
Eu acredito no frei Elias, no ET de Varginha e na mula-sem cabeça! Acredito até que José Serra vai ganhar pra prefeito de São Paulo este ano (segundo pesquisa recente, ele já alcançou 33 %... de rejeição - parabéns).
Num
momento que a equipe desponta como líder do Campeonato Paulista de Futebol da
1ª Divisão, superando até mesmo o Timão na tabela, a grande mídia dá destaque à excelente
atuação do Paulista, o Galo, o tricolor de Jundiaí. E este humilde blogueiro
traz, para você um resumo despretensioso da história do clube..
Foi
por conta do desenvolvimento da cultura cafeeira que a malha ferroviária do
Estado de São Paulo expandiu-se e se manteve ao longo de décadas como o mais
importante meio de transporte paulista, infelizmente sucateado por vários desgovernos
em nossa história recente.
E
foi na esteira da Cia. Paulista de Estradas de Ferro que incontáveis ingleses
se instalaram no eixo Campinas-Jundiaí a partir de 1872 e levaram para a região
alguns de seus hábitos culturais, entre eles o futebol.
NO TEMPO QUE SE JOGAVA DE GRAVATA
Nos
informa Lucato, em seu livro “Jundiahy Foot Ball Club ou Paulista F. C.” (Ed.
Literarte, 2002)*, que em 23 de junho de 1903 nascia o embrião do atual líder do
Campeonato Paulista, em uma partida em que o Jundiahy venceu pelo placar de 3 a
1 a Associação Athlética União da Lapa.
capa de livro de Cláudio Lucato
Dos
dois lados os jogadores eram quase todos estrangeiros - a maioria britânicos -
e usavam como peça obrigatória de seu uniforme um tipo de boina e, quase
inacreditável: usavam gravatas. Um vagão de trem servia de vestiário para os
nobres pioneiros do esporte no município.
Mas
nem só os gringos deixaram sua marca nos anais do time, que teve em seu elenco
importantes jogadores de várias origens, tais como o excelente centro-avante
Camargo, negro de causar orgulho, conhecido como “gigante de ébano”.
NASCE OFICIALMENTE O PAULISTA
A
equipe inicial foi desfeita em 1908, mas no ano seguinte um empolgado grupo de
ferroviários decidiu reviver as emoções do esporte, criando definitivamente o
time “Paulista Football Club”, fundado em 17 de maio de 1909 e tendo como seu
primeiro presidente John Lewis Jones.
O
time era formado por uma agremiação de trabalhadores da companhia ferroviária e
por isso recebeu o nome de Paulista. Em seus primeiros 40 anos, o time era
composto quase exclusivamente por trabalhadores da ferrovia e embora não
pertencesse à Cia. Paulista, recebia seu apoio.
Aliás,
os primeiros campeonatos eram disputados internamente, entre grupos de
funcionários, só em 1919 o Paulista filiou-se à associação estadual, chegando
no mesmo ano a campeão do interior e a vice-campeão do Estado de São Paulo, só
perdendo, disseram, com um “gol de mão” do time adversário, no final do jogo
que terminou com o placar de 5 a 4. Já em 1921 e 1922 o Paulista voltaria a
levantar a taça.
Em
1933 o time da Terra da Uva ingressou na recém fundada Federação Paulista de
Futebol, o primeiro passo para sua profissionalização, que aconteceu em 1948,
quando passou a integrar a 2ª Divisão do futebol paulista.
TORRES DE LUZ, PASSE E TIJOLOS
O
estádio do Paulista foi um dos primeiros do Brasil a ter iluminação (1928),
permitindo a realização de jogos noturnos. Com campo iluminado, os treinos
aconteciam depois do expediente normal dos funcionários na companhia
ferroviária. As torres de iluminação foram depois trocadas pelo passe de um
jogador do Clube Atlético Juventus, do bairro paulistano Moóca.
Quando
o Estádio Jayme Pinheiro de Ulhôa Cintra (ou apenas Jayme Cintra) estava em
construção, a rádio local Santos Dumont fez uma campanha para doação de
materiais, a “Campanha do Tijolo Pró-Paulista”. A rádio Difusora também teve
grande importância para a divulgação do time, sendo a pioneira na transmissão
de seus jogos.
O
Dr. Jayme Cintra foi presidente da Cia. Paulista de Estradas de Ferro na década
de 50, período de construção do estádio e deslocou pelo cerca de 20
funcionários da empresa, voluntários, para trabalharem nas obras, cedendo
inclusive um ônibus para o transporte diário deles.
Como
as obras consumiam muito dinheiro, apesar de o clube ter recebido o terreno em
doação, formou-se durante dois anos uma cooperativa entre jogadores, que
conseguiram levar para jogos amistosos em Jundiaí os hoje tão famosos
Corinthians e São Paulo, arrecadando assim algum dinheiro extra. As instalações
onde até então estivera sediado foram loteadas e vendidas, ajudando na
arrecadação de fundos.
O
novo estádio foi inaugurado ainda inacabado, em 30 de maio de 1957, com uma
partida entre o Paulista F. C. e o Palmeiras, que acabou manchando a festa com
3 gols marcados, contra apenas 1 do time da casa. Apenas no ano seguinte o Galo
transferiu-se definitivamente para lá.
O
Paulista F. C. foi nove vezes campeão da cidade de Jundiaí e em suas disputas
estaduais, já venceu a Ponte Preta de Campinas pelo elástico placar de 14 a 0.
Em
1953 disputou uma semifinal com o Linense, equipe que hoje também está de novo
em evidência. Em 1957 foi inicialmente deixado de fora do campeonato e com uma
ajudinha política, conseguiu disputá-lo e chegar mais uma vez à semifinal,
sendo derrotado pelo Botafogo.
O GALO CHEGA À PRIMEIRA DIVISÃO
Após
um período de trevas, sendo manipulado politicamente e à beira de ser doado à
prefeitura, o clube avançou rumo à Divisão Especial, ao conquistar invicto em
19 partidas o título de Campeão Amador do Estado de São Paulo, a Segundona de
1968.
A equipe formada pelos jogadores Edilberto, Gilberto,
Baitú, Difú, Pedrão, Polini, Cipriano, Amadeu, Elias, Bidufa e Ditinho,
comandados pelo técnico Benoni Pires, conquistaram no mesmo ano o campeonato
amador de Jundiaí, que venceria também nos dois anos seguintes.
O Paulista permaneceu cerca de uma década na Divisão
Especial e voltou a cair para a Série A-2, mas visitou a Primeira novamente
outras vezes, depois de ter amargado até uma triste estada na série A-3, ou
Terceira Divisão. Hoje esse quase desconhecido da maioria é o time com melhor
aproveitamento entre os grandes e tradicionais da principal.
Nesta primeira parte, você conheceu parte da história do Paulista extraída da obra do pesquisador Cláudio Lucato, desde a fundação do clube até a sua ascenção à Primeira Divisão, ou Série A-1 do Campeonato Paulista de Futebol. Na próxima publicação você irá ler sobre o Paulista nos dias atuais.
Meu sincero agradecimento ao amigo João Gilberto Geraldo,
pelo valioso exemplar dessa bela obra de relevante importância histórica que me
presenteou.